Água: por que a urgência para economizar?

 em Ambiental
A água é imprescindível para a vida na Terra e compõem a maior parte da superfície do planeta. Mas você tem alguma noção da quantidade de usos que damos a esse recurso? Do quanto o desperdiçamos? Como o tratamos e reutilizamos? Mais importante: você, industrial ou não, mas que com certeza usa muita água no seu negócio, tem sido responsável na gestão do consumo? Tudo isso e mais no texto que estás prestes a ler!
 
A Agencia Nacional de Águas (ANA) lançou em 2017 um relatório intitulado “Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil”. Ele é a referência no acompanhamento da situação desse recurso no nosso país e traz a irrigação como maior consumidora de água no Brasil (67,2%), seguida do abastecimento animal (11,1%), consumo doméstico (11,4%), indústria (9,5%), mineração e termoelétricas (1,1%). A demanda do seu uso é crescente e tem-se por estimativa um incremento de 80% nos próximos 10 anos.
 
Tendo em mente as subsequentes necessidades já mapeadas, o desperdício vem a ser o gargalo de maior foco na garantia do abastecimento futuro. Este é um empecilho socioambiental grave e requer atenção imediata. Segundo o site Mundo Educação, o desperdício de água nos sistemas de abastecimento do Brasil vai da margem de 38,8% na maioria dos municípios até quase 50% em algumas cidades do norte e nordeste do país!
 
Outro exemplo assustados é o fato de a cidade de São Paulo desperdiçar 4 vezes mais água do que economiza, cerca de 3,6 bilhões de litros todos os anos! Dados retirados da reportagem da Folha de S. Paulo, de 2014.
 
Há também elevadas perdas na agricultura, onde ocorre o uso inadequado e, consequentemente, excessivo. Os grandes responsáveis pela má e demasiada utilização de recurso hídrico no nosso país são principalmente lavouras com irrigação mal instalada ou dimensionada e o setor público, com negligências nos sistemas de abastecimento e fiscalização. Mas e a indústria? Mesmo com uma porcentagem aparentemente pequena, ainda faz uso de cerca de 192,4 m³/s! Os principais consumidores são as indústrias de derivados do petróleo e alimentícias.
 
A maior preocupação no âmbito industrial são os efluentes. Recursos hídricos estão presentes na grande maioria dos procedimentos fabris, em quase qualquer conversão de matéria-prima em produto final. Utilizam-se variados componentes químicos para as diversas etapas e, por consequência, o setor torna-se o maior contaminante. Por exemplo, o Brasil tem destaque mundial no curtimento de couros. O processo de curtimento emprega cerca de 630 litros d’água por pele salgada, de acordo com o Centro Tecnológico do Couro, SENAI – Rio Grande do Sul. Além disto, se fazem necessários banhos com soda cáustica, hipoclorito de sódio, tensoativos, aminas, ácidos, e produtos à base de mercúrio e cromo que tornam o efluente destas indústrias não apenas contaminantes ambientais, mas nocivos à saúde humana, sendo crucial a instalação de estações de tratamento de efluentes (ETE).

Reitera-se assim a importância e as possibilidades de reutilização. No meio industrial, é uma preocupação constante desde a outorga da “Lei das Águas” em 1997, que estabelece mecanismos de cobrança pelo uso de água e torna o reuso uma prática muito vantajosa. O exemplo da Ambev encaixa-se muito bem: mesmo não podendo reutilizar água como matéria-prima, eles têm eficientes iniciativas do seu reuso em lavagem de caminhões e limpeza das instalações, por exemplo. Geração de energia, refrigeração de equipamentos, lavagem de carros, irrigação de campos para cultivo, combate a incêndios, limpeza de ruas e irrigação de jardins também são ótimas aplicações.
 
No âmbito dos efluentes, a água residual doméstica denomina-se “água cinza”, e difere-se muito da residual de uma indústria. Normalmente é contaminada com poluentes minerais, óleos, matéria orgânica solúvel e pode ser facilmente tratada com cuidados físico-químicos. Pelo site NaturalTec, “Numa casa popular no Brasil as águas cinzas representam 90% do consumo da casa e no caso de um prédio comercial, 71%”. Portanto o tratamento da água pode representar uma economia expressiva na conta no final do mês.
 
As estações de tratamento de água (ETAs) são vitais para o abastecimento geral e, de acordo com a Corsan, “foram criadas para remover os riscos presentes nas águas das fontes de abastecimento por meio de uma combinação de processos e de operações de tratamento.” Esta combinação se dá nas seguintes fases:
 
Captação: quando retirada de água bruta do manancial;
Adução: caminho percorrido até a ETA;
– Mistura rápida: adição de um coagulante para remoção de impurezas;
Floculação: onde ocorre a aglutinação destas impurezas;
Decantação: os flocos sedimentam no fundo do tanque e são separados;
Filtração: retenção dos flocos menores em camadas filtrantes;
– Desinfecção, também chamada de cloração: adição de cloro para eliminação de micro-organismos patogênicos;
Fluoretação: adição de compostos de flúor para prevenção de cárie dentária;
Bombeamento para as redes e reservatórios de distribuição, marcando o fim do processo.
 
Uma forma alternativa e pioneira no tratamento de água é a utilização de osmose reversa. Ao contrário da corriqueira osmose, onde a água passaria de um meio menos concentrado para um mais, até a equalização, ela é posta em contato com uma membrana semipermeável e aplica-se uma pressão maior que a osmótica no lado salino, ou concentrado. Desta forma, a água pode ser retirada totalmente pura. As principais vantagens são: instalação em espaço reduzido, baixo custo do m³ de água tratada e não há necessidade de uso continuo.
 
Por fim, todas estas etapas e processos tem como objetivo alcançar um certo “padrão” na qualidade da água. Mas quem determina este padrão? A ANA por meio do Índice de Qualidade de Água (IQA). Este é o principal indicador utilizado hoje no Brasil e é calculado com base na temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido, resíduos totais, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total e turbidez. Como o seu negócio tem usufruído deste recurso tão importante? Responsabilidade com ele não é questão de cortesia com o meio ambiente, é lei!
 
Se interessou pela assunto e tem interesse numa maior gestão de água que utiliza? Gostaria de ter uma ETE em sua própria indústria, reduzindo custos e colaborando com o meio ambiente? Fale conosco!
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